Meu pai me visita, às vezes, em meus sonhos.
Outro
dia, me lembrou dos dias em que me levava para escola e tomávamos picolés. Ele
de chocolate, eu de limão.
Ele
me ensinou muitas coisas. Tanto a fazer, quanto a não. Quem é perfeito?
Dos
seus grandes ensinamentos, prezo os mais simples.
Jogar
baralho. Comer bem e em lugares inimagináveis. Cinema e pipoca.
Esportes...
assistir e torcer! A parte de praticá-los, tive que aprender sozinha, apesar
de ter sido um bom jogador e entendedor de futebol.
Aliás,
o mais presente de seus legados!
O
futebol.
Meu
pai me ensinou a entender esse esporte tão masculino, na época. A amar meu time e a perceber que sangue
corintiano é hereditário.
Paixão
também.
A
sentir o prazer dos estádios lotados e da "Fiel" fazendo as arquibancadas e meu coração
tremerem.
Comer
amendoim, cachorro quente e suco de laranja de copinho. Delícias do intervalo.
A
aguentar a chuva fria escorrendo pelas costas, enquanto o jogo rolava, e voltar
pra casa de joelhos no banco do carro, de tão molhada.
Voltar
pra casa sem o tão sonhado campeonato de 74.
A
suportar as derrotas. E celebrar as vitórias.
Para
eternizá-lo, fiz de seu nome o nome de meu único herdeiro.
E
esse... nem sequer liga para o nosso tão amado TIMÃO.
Dois Henriques |