Passeios pela Avenida Paulista sempre surpreendem. A diversidade passeia
por lá.
Domingo desses, além dos manifestos, das tradicionais bandas que driblam a
crise passando seus chapéus e nos entregando sua arte, me deparei com a
criatividade simplória e não menos absoluta de Mayara e Rogê.
O casal vendia trufas. Nada de mais, não fosse seu
propósito explícito no quadro, na caixa de isopor e em seu bom
humor:
Uma coroinha de princesa na cabeça, Mayara empunhava a lousinha de
criança, com a intenção do empreendimento escrita em giz e letra de mão:
Seja patrocinador do nosso casamento.
Faltam 201 dias
#compre uma trufa
R$ 3,00
Ele, com uma gravatinha fina e preta, sucinto e direto, carregava
o complemento da informação colado no isopor:
PARA PAGAR O CASAMENTO
Passei reparando seus movimentos.
Voltei e lhes propus que compraria uma, em troca de uma foto e
de sua autorização para publicação.
Recebi um “claro” e uma pequena tira de papel com seus nomes, para que pudesse marcá-los e
acompanhá-los nos preparativos.
Ganhei direitos de patrocinador!
Enquanto pagava e escolhia o sabor, lhes perguntei sobre
o retorno de vendas (metida de dedo do "investidor"!)
Satisfatório! Foi a resposta da “equipe”.
Saí parabenizando o negócio, lhes desejando felicidades e pensando em como é saudável contribuir com uma causa que se faz tão
nobre aos olhos de seus protagonistas!
Como não sou partidária de casamentos, caminhei rindo francamente, comigo mesma, ao constatar que também patrocinaria outro casal qualquer que
ousasse fazer a mesma campanha para custear os honorários advocatícios de seu
divórcio.
Pouco importa para onde cada um aponta sua flecha, desde que isso lhe satisfaça, lhe faz feliz, melhor, pleno.
Hoje as flechas de Mayara Viana e Rogê Oliveira apontam para uma vida
em comum, que desenham milimetricamente em seus sonhos. E
minha curiosidade de investidora de R$3 me deu o falso direito de imaginar o que desses "layouts" se tornará arte final.
Casa ou apartamento? Viagens ou filhos? Gêmeos?!?
Ops!
Apesar de torcer para que eles deem certo,
meu patrocínio é da festa e não da vida dos noivos!
Achei prudente voltar meu pensamento pra esse lado mais lúdico e
imaginar como será o vestido da noiva, o bolo, os bem-casados, a marcha
nupcial, o chororô, as flores, as crianças correndo em volta das mesas, os
vestidos maravilhosos contrastados com as legítimas havaianas do final do
baile.
Humm! Não sou muito boa nisso... melhor só desejar a Mayara e Rogê
uma vida tão deliciosa quanto a trufa que saboreei por conta de seu marketing
de guerrilha tupiniquim.
Tão doce, criativo e oportuno, mediante a crise em que nos vemos
mergulhados.
Essa maravilhosa Paulista que nos permite escancarar nossa arte,
nossa música, nossos gêneros, nossos manifestos, nossos pets, nossas roupas, sorrisos, escolhas.
Que “quê” de liberdade tem esse passeio público dominical!
Voltando aos nubentes (palavra tirada do fundo das
tradicionais proclamas oficiais), sinto-me na obrigação de publicar o que
constava na pequena tira de papel que recebi das mãos da noiva.
“Consagre ao senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão abençoados”
Provérbio 16:3
Obrigada por fazer parte da nossa história!
Mayara Viana e Rogê Oliveira
22/04/2017
Também não sou entendida de salmos e provérbios, mas procuro ser em gratidões. Sou eu quem lhes agradeço, Mayara e Rogê, pela oportunidade de fazer de sua cena meu devaneio e relato.
Eu lhes provoco a nos contar como foi a festa!
Estamos curiosos para saber das metas atingidas, das conquistas relativas a esse seu sonho!
É o que me cabe como patrocinadora de R$3,00!